terça-feira, 28 de agosto de 2012

Qual a sua Raça? E Etnia?


Se foi algo que me chocou aqui nos USA foi ter responder a estas duas questões em todos e quaisquer documentos oficiais. Para um país que se intitula tão progressista, não racista e pela liberdade, qual a lógica destas questões? Não em lembro nunca de ter de preencher este tipo de dados em Portugal... Depois, claro, não sabia responder. Pus caucasiana para raça e etnia...pus portuguesa :D Claro que ser portuguesa para mim é suficiente clarificante mas não para eles, aparentemente. Até me questionaram se eu era mesmo caucasiana!! Não sou latina, não sou nativa americana, não sou africana-americana (até esta expressão, só existe nos estados unidos- nunca ouvi alguém a intitular alguém de africano-europeu!!). Das "raças" que conheço, sobra caucasiana. Mas a resposta para a questão da minha etnia apareceu sem estar a pensar no assunto, quando me estava já a vir embora dos Estados Unidos- sou LUSITANA! 

E pronto, agora já não tenho oportunidade de clarificar a minha "etnia".

De todas as minhas perdições nesta terra, da que mais gostei foi mesmo a gastronómica! Nunca tinha comido tantos pratos de países diferentes em tão pouco tempo. Aproveitei para experimentar especialmente a asiática, que não conhecia e aqui na Califórnia e em San Diego é o local certo para o fazer. Devido à grande quantidade de asiáticos que emigraram, existem muitos e bons restaurantes, para além de montes de supermercados cheios de iguarias com ar duvidoso aos olhos de um ocidental menos dado a experimentar comidas fora da sua zona de conforto. Existem muitos mais restaurantes de países diferentes mas eu "só" provei comida coreana, indiana, japonesa, vietnamita, tailandesa, mexicana, italiana e claro, americana. De facto, a menos original é a americana, que não têm propriamente uma tradição comparando com as outras culturas. Mas reduzir a gastronomia americana só a hamburgers e pizzas não é estar a ser justa. Há também restaurantes que chamam "fish market" (mercados de peixe), em que servem peixe fresco grelhado em sandes ou saladas (com molhos, sempre mas podem vir à parte se for pedido). Recomendo, embora tenha de confessar que o facto de servirem em pratos e em talheres descartáveis de plastico, tire um pouco do encanto da comida...pelo menos para mim, que depois desta viagem só posso dizer que sou, orgulhosamente Europeia.
Tiro o chapéu ao país Estados Unidos, que em tão pouco tempo de história alcançou tantas coisas verdadeiramente espantosas mas parece que a falta de história e tradição os tornou numa sociedade individualista e com um pensamento demasiado capitalista para agirem voluntariosamente sem esperar algo em troca. É uma pena...a perda é toda deles e nem nunca se vão aperceber disso.

Vemo-nos por aí na Europa ;)

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Wanna be my BF?

Siglas...damm them! Sério, para que usam tantas aqui?

Parece que são preguiçosos até para falar e precisam continuamente de encurtar palavras...
Para mim é mais uma forma de andar perdida! É sério sarilho para mim descortinar o que querem dizer com certas coisas. E claro, gera situações no mínimo...estúpidas. Hoje fui a uma "drug store", enorme chamada CSV (não me perguntem acerca do que quer dizer que não faço a minima ideia). A senhora passa as minhas coisas no scaner e pergunta: "Do you have a CSV card?" E eu, na minha distracção habitual digo "yes" e mostro-lhe o meu cartão da UCSD (Universidade da Califónia- San Diego). Claro que ela fez aquela cara de "onde é que esta me saiu...?"

Mas onde já me fartei de aprender siglas foi na "craigslist". Para quem não sabe, a craigslist.org é o sitio para encontrar de tudo, em todo o lado mas penso que começou nos Estados Unidos. Aqui é uma coisa em grande e eu, quando estava a procurar uma bicicleta usada, todos os dias ia à craigslist ver que novos anúncios de bicicletas havia. Depois, fui explorando a lista e há uma secção ("personals") que só dá para rir! Não aconselho aos pudicos e aos que se chocam facilmente com a abertura dos americanos de publicar abertamente do que andam à procura...Principalmente anúncios com fotos...pode ser "chocante"!?

Mas é também uma lição de...chamemos-lhe "cultura urbana".
Então, vou partilhar o que aprendi em termos de siglas:
BF- Best friend - melhor amigo/a (sim, há pessoas à procura de "melhores amigos" na internet...)
GFL - Girlfriend For Life - namorada para casar (também há quem ache que vai encontrar alguem para casar na net..)
BFF - Best Friends For Ever (o "para sempre" dos americanos não significa o mesmo que para os europeus...)
FWB - Friend With Benefits - amigo com previlégios "especiais"
BBW - Big Black Woman - mulher negra grande (e não imaginam a quantidade de anuncios à procura de uma bbw....!)
NSA- No Strings Attached (basicamente, sexo sem compromisso)
STR8 - Straight 
WF - Wanna F*** (self explanatory)
420 friend- fourTwenty (código para canabis, começou a ser usada para "iludir" os policias) - quem fuma haxixe
GTFG - Go To F****** Google (Basicamente, vai procurar no Google)
BQ/BBQ- Barbecue (churrasco...normalmente é uma sigla que aparece em muitas comidas- tudo sabe a molho de barbecue)

São os mestres do Slang. E é super cool inventar siglas novas e usar siglas que pouca gente conhece...

Para perdidos como eu...TIH (THIS IS HELL)! :)

Peace...

sábado, 21 de julho de 2012

Bus Bus + Viva a diversidade

Os autocarros aqui são algo...completamente fora do que eu considero normal! Não dá para generalizar para os "autocarros americanos" (este país é enorme e tem tantas realidades diferentes em cada estado como a Europa com os países diferentes) mas os daqui, em San Diego, são demais. Tanto pela positiva, como pela negativa!!?

Primeiro, têm algo de adoro: à frente têm uma grelha que dá para levar até 3 bicicletas, gratuitamente.
Segundo, nunca vi motoristas tão simpáticos e pacientes com as pessoas como os daqui. De tal forma que, para a minha realidade europeia chega até a ser um exagero. Sábado passado apanhei o 30 (que é basicamente o único que passa no lugar onde vivo e trabalho). Quando estávamos a subir uma das colinas a motorista vira-se e diz "Desculpem pessoal! Há aqui umas obras e não sei quanto tempo vamos ficar aqui!" E repetiu várias vezes o "desculpem" mesmo só tendo demorado mais 3 minutos... Se isto alguma vez aconteceria em Portugal, seja em que lugar for!

São estes contrastes que não entendo nos americanos: se por um lado quando se fala um bocadinho mais sobre a nossa vida eles dão logo a entender que não querem nem saber, por outro as vezes são extremamente simpáticos e atenciosos com quem não conhecem. Num dos dias desta semana vi o autocarro a passar e desato a correr a ver se ainda o consigo apanhar, mesmo depois de este ter já arrancado da paragem. Passa um carro a buzinar à maluca para o autocarro, ultrapassa-o e pára a frente para o obrigar a parar...Fiquei estupefacta! Quando entro (pensei: o motorista vai-se passar comigo), o senhor ainda me pediu desculpa porque não me viu. Outra vez, isto não aconteceria em Portugal :-D
Ao contrário de Portugal também normalmente não chegam atrasados mas chegam antes da hora...o que não dá jeito nenhum.

Depois...percebe-se que não há muita gente a usar autocarros quando as paragens não têm bancos, nem protecções contra sol ou chuva.
La Jolla Cove
Outro episódio surreal foi quando noutro dia, numa viagem com o 30, numa das paragens, o motorista simplesmente agarrou na sua mala e saiu. Desligou o motor, não disse nada a ninguém e assim ficamos, uns 15 passageiros a perguntar-mo-nos uns aos outros se "era normal". Eu já não sei o que é "ser normal nesta terra"!

Deixando o assunto dos autocarros, algo que me surpreendeu aqui e me deixou maravilhada foi a diversidade. Tanto de pessoas (que há com origens asiáticas, africanas, da américa do sul...tudo) como de animais. E por razões obvias, a que tenho captado mais em fotografia, é a diversidade animal. Pena as fotos não captarem inteiramente a essência do que vejo, sinto, cheiro! Hoje, pela segunda vez, fui a La Jolla cove. Porque é que estou a fazer questão de mencionar este sitio? Porque aqui, para meu espanto, leões marinhos, pelicanos enormes e outras aves marinhas vivem tranquilamente ao lado de praias cheias de gente e não parecem sequer estranhar a quantidade de mergulhadores a tirar fotografias e os caiaques aos magotes que lá aparecem! Por outro lado as pessoas também já não acham nada de extraordinário (aqui já poucas coisas parecem ser novidade). Eu passei-me!? O cheiro a guano é tão intenso e o barulho que os leões marinhos fazem é tão alto que não sei como é que as pessoas conseguem estar na praia...

Leões marinhos e aves marinhas
Pelicanos


Garibaldi no meio de kelp (Aquário de Birch)
Depois, é a própria preocupação que os americanos têm em manter a bio-diversidade natural. Pena não dar para ler a placa que está na foto sobre as cobras. Esta placa está no caminho do aquário de Birch e diz basicamente para as pessoas não irem para o mato para não incomodar as cobras. Que elas podem atacar se se sentirem ameaçadas mas são um importante membro do ecossistema natural. Este país pode ter muitas coisas erradas mas há coisas que estão tão certas que até consigo perceber um bocadinho o orgulho que eles têm em ser americanos..."um bocadinho"!

E porque imagens valem mais que mil palavras, aqui ficam algumas.

Peace...

Diversidade marinha no Pacifico (aquário de Birch)
"Cobras: cuidado com esses huma"

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Taxes & Tips

Algo que me deixa completamente perdida aqui, são contas!
Não entendo....há sitios em que as taxas já estão incluídas no preço, outros não, a verdade é que nunca faço a minima ideia do que vou pagar porque os preços marcados são uns mas "as vezes" afinal há mais "taxas" que acrescem sempre o valor.

Claro que faço sempre papel de tonta. No outro dia estava frio e eu, sem casacos ainda, passei por uma loja com camisolas em saldo. Marcavam $5 numa placa vermelha. Cheia de convicção agarro numa camisola, estendo uma nota de $5, quando a rapariga me diz com o seu maior sorriso "são $5,86". Eu ainda respondi...mas não são $5, é o que diz aquela placa vermelha!?. Olhar de "dah!, de que planeta é que me saíste": "Isso é o preço, sem as taxas...". Lição aprendida: em lojas de roupa, os preços marcados são sempre sem taxas...Ah, WRONG!
Dias depois enfrento a dura realidade de que o calor e o sol não vão chegar tão cedo e decido-me a ir comprar casacos. Sem conhecer minimamente as lojas aqui, vou à "zona comercial mais perto". Depois de horas a caminhar, de me perder não sei quantas vezes no caminho e já farta, entro na primeira loja que vejo ser de roupa- "Ross, Dress for Less". Não sei qual a diferença mas nesta loja, paguei o que marcava na etiqueta!!

Deixei o blog the "molho" enquanto ia ao supermercado e voltei a perceber um bocadinho mais: pelos vistos há produtos que na etiqueta dizem "price without tax" e os que não dizem nada...em principio já não acrescentam taxas. Para um país que facilita em tanta coisa ridícula, depois há coisas em que complicam mesmo muito...?! Em Portugal, pelo menos se soubermos fazer contas de somar, sabemos sempre o que vamos pagar.

Depois há as gorjetas....
Com as gorjetas é que não dá mesmo para entender. Se vamos a um restaurante buscar comida, não temos de dar gorjeta mas se nos sentamos para comer, mesmo que não nos limpem a mesa e sejamos mal servidos há que dar uma gorjeta obrigatoriamente, vem na conta: taxes + tip. Depois, todas as lojas têm um frasquinho para para as "tips". Aqui, não faço ideia se se deve ou não dar. Mas depois de ouvir uma conversa entre 2 raparigas, que deviam servir num café, a queixarem-se de clientes que só deixaram $1,5 de gorjeta...achei que no meu caso de estudante/pelintra/portuguesa mais vale não deixar nada do que deixar uma quantia que "fique mal" :-/

Antevejo que nunca vou perceber este sistema...mas começo a achar que se houvesse um livro chamado "América para idiotas", valeria a pena tê-lo folheado, pelo menos, antes de vir...


Peace!


quarta-feira, 4 de julho de 2012

Nunca é tarde para novas descobertas...

Acabada de chegar aos Estados Unidos para trabalhar no meu projecto de investigação, são tantas as diferenças entre este mundo e o meu (lá na pequena ilha do Faial, no pequeno arquipélago dos Açores, no pequeno país Portugal, no pequeno continente Europeu). É assim que me sinto...pequena, perdida neste mundo em que Tudo é feito em Grande!

Com tantas ideias a correm na minha cabeça sobre estas diferenças abismais de mundos tão distintos, achei melhor partilha-las antes que elas expludam na minha cabeça ou se percam para sempre...
Assim nasce este blog, sobre a minha experiência em primeira mão das dificuldades (e não só) com que me deparo dia a dia nesta terra americana.

Estou na Califórnia, na cidade de San Diego, localidade de La Jolla.

Inadaptação número 1: trazer uma mala cheia de roupa de verão, com biquinis, vestidos, sandálias...nem um casado! Erro crasso... achar que ia para o "calor da califórnia" quando os termómetros não têm subido dos 20ºC. Bem que tenho "batido o dente" e a culpa é da televisão e de todas as séries que vi enquanto crescia- todos os portugueses da minha geração (tenho 32 anos), "sabem" que em sítios no Pacifico, cheios de surfistas com ondas maravilhosas e paisagens paradisíacas está um calor enorme que só dá vontade de andar de fato de banho...! WRONG Está frio e nem sequer está assim tanto sol!!?

Inadaptação número 2: Não trazer um carro comigo. Indescritível a frustração de me tentar movimentar nesta terra em que as distâncias nos mapas não são bem iguais às distâncias nos nossos mapas europeus. Gosto de andar a pé, orgulho-me de ter visitado lugares em que andei a pé o tempo todo (como Londres) mas aqui...é para esquecer! Tudo é longe (mesmo quando parece só ao virar da esquina).
Depois às vezes não consigo ir a certos sitios só porque NÃO CONSIGO ATRAVESSAR A ESTRADA! Não há passadeiras e quando vou até a um semáforo- surpresa: está INTERDITO à passagem de peões.
Autocarros? Segundo eles, são usados só por pessoas muito pobres. Até estudantes têm sempre carro.
Sério, eu acho que os americanos deviam nascer já com 4 rodas postas em vez de pernas...seria muito mais "natural" para eles.

Inadaptação número 3: Não falar com siglas. Incrível?! Começo uma frase a dizer: "sou nova aqui"...estou meia perdida e precisava de ir até ao local X. Resposta (sempre muito prestáveis e simpáticos- há que admiti-lo): "Oh Honey, that is easy: you walk until the UCDT, turn left and you will see the TRFE, turn right and when you reach the BWT you are there". Não é de admirar que a minha cara seja constantemente a de um "burro a olhar para um palácio"...Eu sinto me mesmo ignorante!

E agora...tenho de ir comemorar o 4 de Julho! Em "roma, sê romana" e se há algo que me suscita curiosidade é ver como é afinal esta afamada comemoração.

Peace...